COMPOSITORES

António da Silva Leite
Considerado um dos mais importantes e versáteis compositores portugueses da viragem dos séculos XVIII e XIX, António da Silva Leite (Porto, 23 de Maio de 1759 - 10 de Janeiro de 1833) ocupou posições de grande prestígio na cidade do Porto. Foi Mestre de Capela da Sé Catedral, organista da Santa Casa de Misericórdia, diretor artístico e compositor do Teatro de São João e, em especial, foi mestre de música e compositor dos mais importantes conventos femininos da cidade. Concomitantemente com a atividade de organista, Silva Leite foi professor de cravo, guitarra e viola - instrumentos que dominava. Dentre as obras pertencentes ao espólio do antigo Real Mosteiro de São Bento da Avé-Maria do Porto, destaca-se a produção de António da Silva Leite que compôs aproximadamente 80 obras para as freiras beneditinas portuenses.

António Leal Moreira
Organista e compositor português, ingressou a 30 de Junho de 1766 no Seminário da Patriarcal de Lisboa, onde foi aluno de João de Sousa Carvalho. Tornou-se assistente de seu professor e posteriormente foi nomeado mestre de capela. A maior parte da sua música sacra foi composta para a Capela Real e desde 1782 começou a escrever serenatas, que foram tocadas nos palácios de Queluz e Ajuda. Em 1790 tornou-se diretor musical do Teatro da Rua dos Condes, onde estavam representando óperas italianas. Três anos mais tarde no palácio, do financiador Anselmo José da Cruz Sobral, em Lisboa, estréia o drama Il natale augusto. Moreira, em 1793, tornou-se o primeiro diretor musical do novo Teatro de São Carlos, onde foi representada a sua obra com texto em português A vingança da cigana (1794). A sua obra Teatral e Sacra é fortemente influenciada pelo estilo de Giovanni Paisiello e de Domenico Cimarosa. Depois de António Teixeira foi o primeiro a compor ópera utilizando o texto em português, embora a maioria de suas obras estejam em italiano.

Frei Francisco de São Boaventura
O grande número de homónimos no mundo eclesiástico luso-brasileiro não nos permite confirmar muitos dados sobre o Frei Francisco de São Boaventura. Segundo trabalhos recentes, parece que Francisco de São Boaventura era "filho da Provícia do Brasil" e residente no Porto. Em 1740 foi eleito Procurador da Ordem de Nossa Senhora do Monte do Carmo e um ano antes seu nome consta em um Inventário da Fábrica do Hospício do Senhor D’Além, em Vila Nova de Gaia. Foi um compositor prolífico, sobretudo para os dois principais conventos femininos da cidade do Porto, São Bento da Avé-Maria e Santa Clara. Na Biblioteca Nacional de Portugal preservam-se cerca de 167 obras compostas entre 1771 e 1802. Algumas indicam que Boaventura também foi mestre de música de algumas das religiosas. Sua atuação como compositor de música conventual no Porto é paralela a de António da Silva Leite, que pode ter sido orientado por seu colega no início de sua formação.

José Monteiro Pereira
Segundo Ernesto Vieira, José Monteiro Pereira foi mestre de capela no Porto e autor de um compendio de música intitulado "Principios de Música, que facilitão a tocar; para uso dos meninos, que se educam no Seminário de Nossa Senhora da Lapa da cidade do Porto", publicado plea Tipografia da Viúva Alvarez Ribeiro e filhos em 1820, do qual se publicaram duas edições. Há na Biblioteca Nacional de Portugal um manuscrito de uma Lamentação para sexta-feira santa para soprano e órgão, datada de 1819, e outra obra de 1824. Para o Mosteiro de São Bento da Avé-Maria José Monteiro Pereira compôs um Credo a três vozes, acompanhado por violinos, baixo e órgão e dedicado a Anna Ignácia de Freitas e adaptou para o órgão uma missa a 4 vozes de Niccola Petruzzi.

Gaspare Gabellone
Gaspare Gabellone, também conhecido como Caballone, Cabelone, Gabbelone e Gabaldone (Nápoles, 12 abril 1727 – 22 março 1796), foi um compositor italiano, filho de Michele Caballone. Ingressou em 1738 no conservatório de Santa Maria di Loreto de sua cidade natal, onde estudou canto e composição sob a orientação de Francesco Durante. A partir de 1757 teve início sua atividade como operista, compondo e encenando algumas operas buffas no Teatro Nuovo de Nápoles. A partir de 1780 se dedicou exclusivamente à composição de música sacra, genero no qual alcançou um notável sucesso entre os seus contemporâneos.

Marcos Portugal
Marcos António da Fonseca Portugal (Lisboa, 24 de Março de 1762 – Rio de Janeiro, 17 de Fevereiro de 1830), foi um renomado organista, maestro e prolífico compositor luso-brasileiro, tendo composto mais de 70 obras dramáticas, incluindo cerca de 40 óperas, e mais de 160 obras religiosas. Alcançou um sucesso internacional sem precedentes na história da música portuguesa, com diversas de representações operáticas na Europa. Em Portugal e no Brasil, no entanto, a sua fama de compositor alicerçou-se primordialmente no género sacro, com algumas das suas obras mantendo-se no repertório das igrejas e capelas até inícios do século XX.
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Nicola
Petruzzi
Compositor napolitano que, de acordo com Ernesto Vieira, viveu no Porto na segunda metade do século XVIII. Em relação ao Mosteiro de São Bento da Avé-Maria, existe somente uma missa para dois coros acompanhados por violinos, baixo e órgão, que posteriormente foi adaptada por José Monteiro Pereira para órgão.

Girolamo Sertori
A biografia de Girolamo Sertori é pouco conhecida, mas o compositor se define no frontespício de um manuscrito espanhol como "Signor Abate" e "Maestro de Capella Parmiggiano". Entre os anos de 1758 e 1760 esteve em Pamplona a serviço de Juan Esteban de Almendáriz, III Marques de Castelfuente, para quem reuniu uma coleção intitulada "Divertimenti Musicale per Camera". Nos anos de 1764 e 1765 esteve na cidade do Porto onde deixou algumas obras sacras, nomeadamente uma lamentação para quarta-feira santa (Manum suam misit hostis), 2 responsórios (Verbo Caro e outro para as Matinas do Natal", e um Christus factus est para a sexta-feira santa. Para além da música sacra, existe um manuscrito de um terzetto intitulado Del Gioas Re di Giuda, atualmente preservado na Biblioteca Nacional de Portugal. Após essa breve estância na cidade invicta, Sertori voltou a Pamplona onde permaneceu pelo menos até 1772, quando escreveu uma missa a 8 vozes e instrumentos dedicada à Virgen del Camino da parróquia de San Saturnino da cidade navarra. Paralelamente a sua atividade como compositor, Girolamo Sertori atuou no Teatro de Comédias de Pamplona como músico da companhia de óperas italianas de Nicola Setaro. Foi provavelmente com essa companhia que o maestro parmiggiano deixou Pamplona já que em Janeiro de 1774 seu nome figura como compositor de uma companhia de óperas italiana que solicitava permissão para atuar em Valladolid. Não foram encontradas, até o presente, informações sobre a atuação do músico após essa data.