O presente projeto tem como objetivo o estudo e a restituição do repertório em estilo concertante do antigo Real Mosteiro de São Bento da Avé-Maria do Porto, entre 1764 e 1834. As datas propostas compreendem o período que decorre entre a composição do mais antigo manuscrito vocal de música em estilo concertante ainda preservado e o ano da promulgação da lei que autorizava a nacionalização dos bens da Igreja, o que acarretou o fim gradativo das ordens religiosas femininas.
A importância da cidade do Porto cresceu consideravelmente ao longo do século XVIII graças ao comércio exterior, especificamente do vinho do Porto, muito apreciado no mercado estrangeiro. Tal facto possibilitou uma ascensão ainda maior da burguesia, que fortaleceu o seu poder junto da Igreja Católica. A situação económica tanto da cidade como do reino, extremamente próspera após a descoberta do ouro no Brasil, permitiu às instituições religiosas implementar importantes obras de restruturação dos seus edifícios, o que incluía, por exemplo, a compra de novos instrumentos musicais. Em meados do século, a cidade contava com 15 conventos e sua paisagem era decisivamente marcada pelas suas torres e edifícios. Quatro dessas instituições eram conventos femininos: o Convento de Santa Clara (1416), o Real Mosteiro de São Bento da Avé-Maria (1518), o Convento de Corpus Christi de Monchique (1535) e o Convento de São José e Santa Teresa (1701).
O significativo corpus de partituras - das quais a maioria segue completamente desconhecida da comunidade científica, dos músicos e do público geral - é uma vasta fonte de investigação, tanto no que diz respeito à prática musical no seio do antigo Mosteiro de São Bento da Avé-Maria, quanto do papel da mulher na produção musical portuguesa.
O presente projeto pretende estudar este repertório, tornando-o acessível à comunidade científica, não somente através da disponibilização online de uma base de dados, como também da restituição da totalidade do repertório através da publicação de edições críticas que possibilitarão a interpretação das obras por parte de intérpretes contemporâneos. Prevê-se, igualmente, a gravação de um disco contendo uma seleção de obras para uma ou duas vozes, com acompanhamento de um ou dois órgãos. Assim, pretende-se alcançar um público abrangente, aproximando as plateias contemporâneas do património musical do Porto e de Portugal. Um concerto com transmissão em streaming, uma exposição e uma conferência pública também estão previstos, para além da publicação de artigos em revistas científicas avaliadas por pares e indexadas.
Equipa

Rosana Marreco
(CESEM - FCSH)

Marco Brescia
(CESEM - FCSH)

Ana Maria Liberal
(CESEM - ESMAE)

Inês Thomas Almeida
( IELT - FCSH)

João Vaz
(CESEM - ESML)

Pablo Sotuyo Blanco
(UFBA - BRA)

Ricardo Bernardes
(Fundação Casa de Mateus)

Tiago Hora
(INET-MD - FCSH)

Matilde Olarte Martínez
(USAL - ESP)
